quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Descoberta

E sabe qual foi o meu erro, todo o meu engano? Me deixar levar por esse sorriso tímido e besta, as mãos cobrindo uma parte do rosto enquanto falava qualquer coisa. Devia ser pra não levantar suspeitas.

Deixei. Deixei as noites, deixei boemia, deixei de ficar bêbada pelas madrugadas, de fumar um cigarro aqui e outro ali. Recusei convites irrecusáveis. Tudo o que me fazia eu, tudo o que era do meu gosto. Tantas mãos e camas que por uma noite iam me fazer completamente realizada, mesmo que no outro dia eu vestisse minhas roupas e tivesse de ir embora sem olhar pra trás.

E era tudo uma imunda máscara, não era? Uma máscara que só deixava de verdadeiro da tua face do lado de fora esses olhos de amêndoa que eu não cansava de olhar. E ficava hipinoticamente doente, então.

Ah, se eu soubesse. Se eu soubesse que eras essa medusa, não teria passado nem perto pra não correr o risco de sentir o cheiro da tua pele e querer provar.

Virei uma boneca de pedra, enfeitiçada. Por anos, escrava das tuas vontades, cachorra vadia e sem orgulho. Até descobrir uma a uma as flores que murchaste. E eu era uma entre elas, já quase sem vida.

Quer saber do que mais? Agora foda-se.

Cortei tua cabeça e matei as tuas cobras.

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