Persuasiva?
Persuasiva era apelido.
Ela era um animal e só descansava quando conseguia o que queria. Podia perder a graça, mas ela só descansava ao ver o plano em prática. Se perdesse o gosto, pouco importava, guardava o que tinha conseguido feito um troféu num armário mental e se auto-gabava de todas as coisas em silêncio. Às vezes era rasteira feito uma cobra, mas andava em cima dos espinhos feito um gato. Ser deselegante nunca. A vida se desenrolava e ela só sambava em cima dos cacos de vidro.
As verdades eram suas e somente suas, sabia manipular as situações como quem manda em uma marionete. Palavras, idéias, tudo era brinquedo naqueles lábios naturalmente tingidos de vermelho brilhante, como os de quem já acorda de maquiagem. Nos lábios e nos dedos quando segurava um lápis, longos e rápidos feito os de uma pianista, como se tivessem sido projetados assim pra acompanhar a velocidade dos raciocínios felinos. O mundo era dela, porque era ela quem o construía.
Pra ajudar a construir os castelos, ainda tinha aquele rosto bem branco, bochechas rosadas de boneca e cabelos assanhados de criança. Ganhava credibilidade quando falava por causa da inocência do jeito infantil e desleixado. E ela sabia muito bem como se aproveitar disso. O grande deslize de qualquer um que a acabasse de conhecer era não prestar atenção no olhar desconfiado da leoa, somente no sorriso aberto e na risada longa que soltava facilmente sem pudores.
Aquele sorriso no canto da boca era um inferno.
O perfume de flor, os cabelos despenteados e o sorriso no canto da boca faziam o inferno.
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